Uma vez me disseram que dançar tango é como fazer amor: é preciso muita cumplicidade. Não sei dançar tango, mas creio que há muita verdade nisso...
O QUE FAZ DE UM TANGO UM TANGO* "O que faz de um tango um tango não são as letras lamuriosas. O que faz de um tango um tango não é o Gardel morto que canta cada vez melhor. O que faz de um tango um tango não são os passos ensaiados na tradição. O que faz de um tango um tango não é a orquestra com o ar cansado de quem tudo já viu. O que faz de um tango um tango não são as pernas altas da dançarina, calçadas em meias pretas. Não é seu cabelo preso ora com flor, ora com fita. O que faz de um tango um tango não é o chapéu antigo do dançarino. Não são os seus sapatos lustrosos. Não é o seu terno de risca-de-giz. Não é o seu lenço dobrado no bolso da lapela. O que faz de um tango um tango não é Buenos Aires. Não é qualquer geografia. O tango não está no mundo das latitudes, das longitudes, das cartografias, dos guias turísticos.
O que faz de um tango um tango é a atração e a repulsa. É a tentação e o medo. É o afeto e a raiva. O que faz de um tango um tango é ela seguindo na mesma direção dele, e ele seguindo na mesma direção dela, até que um tenta fugir e o outro tenta impedir, numa alternância de fugas que se querem e não se querem. O que faz de um tango um tango é a dor de um e de outro transformada em coreografia simétrica. O que faz de um tango um tango é o encontro que se desencontra e se reencontra. O que faz de um tango um tango são os volteios do amor dos poemas clássicos, das canções dos trovadores. Os volteios do amor que bebe no prazer e na fúria. Os volteios do amor que se amorna e logo torna a incandescer. O que faz de um tango um tango é o amor que, na iminência de um final que se prenuncia infeliz, acha o final feliz. Porque nunca em um tango que é tango os dançarinos terminam separados, descolados, deslocados.
O que faz de um tango um tango sou eu dentro de você na carne e você dentro de mim na alma, depois do último acorde, depois do último aplauso, depois da última lágrima, depois do último gozo. O que faz de um tango um tango é a música que se quer silêncio. O silêncio dos amantes."
*Publicado no caderno Ilustríssima, da Folha de S. Paulo, em 19 de setembro de 2010. Este conto foi publicado originalmente, em inglês, no jornal literário britânico “The Drawbridge”, com o título “Tender anger soothed”.
Sou algo assim misterioso a mim mesma tento decifrar. Num momento, pensamento centrado, no outro, quero mesmo é brincar!
Sensível, por vezes me ponho a escrever externo sentimentos que inundam minha'lma em outros, apenas procuro absorver... um hábito que talvez me acalma.
Sou uma mistura de várias personagens penso que às vezes nem consigo esconder. Mas elas surgem em minhas viagens pra uma dimensão onde eu posso te ver!
Apenas uma delas o mundo conhece ela tem nome e sobrenome. Das outras, sei que você não se esquece já sabe até chamá-las pelo codinome...
Existe uma prisão onde não há grades, nem vigias e nem muros. Onde se cumpre uma pena que não foi imposta por nenhum juiz, pois não houve julgamento ou mesmo absolvição. E a liberdade só se dará no momento em que perceber que você é a única pessoa capaz de decretá-la!